Van der Poel vence Paris-Roubaix pela terceira vez consecutiva e entra para a história ao lado de lendas do ciclismo

MDVP comemora o tri / @gettyimages

Mathieu van der Poel escreveu mais um capítulo histórico no ciclismo mundial neste domingo (6), ao vencer a 122ª edição da Paris-Roubaix e se tornar apenas o terceiro ciclista da história a conquistar três vitórias consecutivas na clássica mais dura do calendário mundial. O atleta da Alpecin-Deceuninck se iguala agora a Octave Lapize (1909–1911) e Francesco Moser (1978–1980), únicos a alcançarem o feito desde a criação da prova em 1896.

A vitória foi construída após um duelo eletrizante com o esloveno Tadej Pogacar (UAE Team Emirates), que impressionou em sua estreia no “Inferno do Norte”. Atual campeão do Tour de France, Pogacar esteve na disputa direta pela vitória até sofrer uma queda a menos de 40 km do fim. Apesar de se recuperar e terminar em segundo, a diferença abriu espaço para Van der Poel administrar a liderança até a chegada no lendário Vélodrome André Pétrieux, em Roubaix.

Com o resultado, Van der Poel e Pogacar agora somam oito Monumentos cada, ocupando a 6ª e 7ª posições no ranking histórico de maiores vencedores das cinco grandes clássicas do ciclismo mundial — aos 30 e 26 anos de idade, respectivamente.

Completando o pódio, o dinamarquês Mads Pedersen (Lidl-Trek) repetiu o terceiro lugar da edição passada, ao superar Florian Vermeersch e Wout van Aert no sprint final do grupo perseguidor.

A largada da edição 2025 da Paris-Roubaix foi dada às 11h25 em Compiègne, com 175 ciclistas prontos para enfrentar os 259,2 km até Roubaix, incluindo 30 setores de paralelepípedos. Apesar da chuva da noite anterior, as condições não foram extremas, mas o céu nublado e o piso escorregadio tornaram a corrida traiçoeira desde o início.

Após 22 km, formou-se a fuga do dia com oito ciclistas, incluindo nomes como Kim Heiduk (Ineos), Oier Lazkano (Red Bull-Bora-Hansgrohe) e Jasper De Buyst (Lotto). A vantagem chegou a pouco mais de 3 minutos, mas o pelotão aumentou o ritmo ao se aproximar do primeiro setor de paralelepípedos em Troisvilles.

Problemas mecânicos atingiram nomes como Filippo Ganna (Ineos) e Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck), forçando-os a perseguirem por mais de 30 km. O grupo principal alcançou os escapados por volta do km 154, já nos setores mais decisivos da prova.

Foi nesse momento que os favoritos apareceram: Van der Poel, Pogacar e Pedersen atacaram juntos no setor Haveluy-Wallers e voltaram a acelerar na icônica Trouée d’Arenberg. Na saída de Wallers para Hélesmes, Van der Poel fez o movimento decisivo e formou um grupo seleto com Pogacar, Philipsen, Pedersen e Stefan Bissegger.

A prova seguiu em ritmo alucinante. No setor Tilloy-Sars-et-Rosières, Pedersen furou e perdeu contato com a liderança. Pouco depois, Bissegger também teve um problema mecânico. Restaram Van der Poel e Pogacar na frente, com Philipsen tentando segui-los.

O momento crítico veio no setor Pont-Thibault – Ennevelin. Pogacar errou uma curva à direita, caiu e perdeu cerca de 20 segundos. Mesmo retornando à prova, o esloveno ainda trocou de bicicleta e viu a diferença subir para quase um minuto.

Apesar de um furo sofrido por Van der Poel no lendário Carrefour de l’Arbre, o holandês manteve o controle e cruzou a linha de chegada sozinho para comemorar sua terceira vitória consecutiva em Roubaix. O sprint pelo terceiro lugar foi decidido entre Vermeersch, Pedersen e Van Aert, com o dinamarquês levando a melhor.

Com a vitória de 2025, Mathieu van der Poel entra em um grupo exclusivo de tricampeões consecutivos da Paris-Roubaix:

• Octave Lapize 🇫🇷 — 1909, 1910, 1911

• Francesco Moser 🇮🇹 — 1978, 1979, 1980

• Mathieu van der Poel 🇳🇱 — 2023, 2024, 2025
  

Nem mesmo lendas como Roger De Vlaeminck ou Tom Boonen — ambos com quatro títulos — conseguiram vencer três vezes seguidas. O feito de Van der Poel, portanto, é ainda mais significativo em uma era marcada por altíssimo nível competitivo, estratégias modernas e imprevisibilidade total.

Disputada pela primeira vez em 1896, a Paris-Roubaix é uma das cinco clássicas monumento do ciclismo. Conhecida como o "Inferno do Norte", a prova atravessa as trilhas de paralelepípedos e estradas rurais do norte da França, com um percurso que exige potência, técnica, resistência e sorte.

Chegar ao Velódromo de Roubaix não é apenas completar uma corrida: é conquistar um dos maiores símbolos de bravura do ciclismo. Por isso, o troféu da prova — um bloco de paralelepípedo — é talvez o mais simbólico do esporte. E Van der Poel, ao empilhar o terceiro em sequência, inscreve seu nome entre os imortais.