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Números que mostram a força da bicicleta e triciclos de carga em Copacabana (RJ)

  • Foto do escritor: Márcio de Miranda
    Márcio de Miranda
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura

Em meio ao vaivém das ruas movimentadas de Copacabana, um dos bairros mais emblemáticos e densamente povoados do Rio de Janeiro, os entregadores de bicicleta têm se consolidado como figuras centrais na engrenagem urbana. Ágeis, sustentáveis e resilientes, esses profissionais percorrem diariamente ciclovias, ladeiras e avenidas levando refeições, encomendas e documentos com eficiência — muitas vezes superando veículos motorizados em tempo, especialmente nos horários de maior congestionamento.

Mais do que apenas logística, o trabalho desses entregadores reflete uma solução de mobilidade inteligente e ecológica. Em um cenário onde o tráfego é intenso e o espaço urbano, limitado, a bicicleta se revela uma alternativa prática, econômica e silenciosa. Além de reduzir emissões de poluentes e ruídos, os ciclistas contribuem para um ambiente urbano mais saudável e menos caótico. Durante a pandemia, por exemplo, eles foram essenciais no abastecimento do bairro, garantindo o acesso da população a produtos e serviços mesmo em momentos críticos. Diariamente, cerca de 30 mil viagens de bicicleta são realizadas no bairro, segundo estimativas do ativista Ze Lobo, da Ong Transporte Ativo. Um número expressivo dessas viagens está ligado à prestação de serviços e entregas.

"Copacabana é um bairro assim, por tendência natural, um bairro compacto onde é possível se fazer de tudo sem se deslocar muito ou ir muito longe. Cenário perfeito para o uso de bicicletas e do caminhar. Se você quiser sair do bairro e ir mais longe, existem 4 estações de metrô, mas para circular pela região nada melhor que ir de bicicleta ou pé." Disse Zé Lobo da Transporte Ativo.

Ele continuou e falou da geografia favorável e da malha cicloviária. "Copacabana, tem um tendência natural para o uso de bicicletas, além de compacta, é plana, tem diversas ciclovias e ciclofaixas, locais para se estacionar as bicicletas, recentemente tem estado lotados, sinal de que é preciso ampliar a oferta, das quatro saídas e entradas do bairro, três tem acesso por ciclovias, no Posto Seis pela Francisco Otaviano, perto do Leme, pelo Túnel Novo e na travessia para Botafogo, no centro do bairro, pelo Túnel Velho, ficando apenas o Corte Cantagalo que liga o bairro à Lagoa sem ligação cicloviária, mas com trafego intenso de bicicletas. Em contagem realizada no local em 2009, passaram 779 bicicletas em 12 horas e naquela época o volume de usuários de bicicletas como meio de transporte era bem menor que hoje."

A presença das bicicletas de carga (cargo bikes) e triciclos adaptados para entregas cresceu de forma notável, especialmente após a pandemia. Em Copacabana, estima-se que ocorram até 11 mil entregas diárias utilizando esse tipo de veículo, conforme apresentado no 2º Encontro Carioca de Bicicletas de Carga. A combinação entre adensamento populacional, tráfego intenso e vias estreitas torna a bicicleta mais eficiente do que motos ou carros para entregas curtas e rápidas.

"Resumindo, Copacabana tem uma forte vocação para o uso de bicicletas e não é à toa que muito do planejamento cicloviário carioca se iniciou por ali, algumas das primeiras ciclovias e ciclofaixas da cidade, Zonas 30, Bicicletas Compartilhadas, tudo isso se iniciou no bairro. Basta para em qualquer esquina de Copacabana para ver bicicletas estacionadas e circulando! A Princesinha do Mar, é também a Rainha das Bicicletas. Finalizou Zé Lobo.

Triciculos prontos para entrega / JHoward
Triciculos prontos para entrega / JHoward

O impacto também aparece na indústria. A empresa Palácio dos Triciclos, sediada em Nova Iguaçu, fabrica cerca de 350 bikes de carga por ano, sendo que 80% dessas vendas são destinadas a empresas com atuação em bairros como Copacabana. Já grandes redes varejistas e supermercados operam com frotas próprias de mais de 200 triciclos cada, como forma de reduzir custos e aumentar a agilidade nas entregas urbanas.


Outro dado revelador é o uso da bicicleta como transporte cotidiano. Em 2012, o sistema de bicicletas públicas Bike Rio já registrava mais de 2.000 viagens diárias só em Copacabana, mostrando que o bairro tem histórico e vocação para a mobilidade ativa.

Apesar dos números expressivos, os desafios enfrentados por quem pedala são muitos. A maioria dos entregadores trabalha de forma autônoma, sem contrato, seguro ou direitos trabalhistas. Como afirma Ze Lobo, “as cargo bikes são comuns, mas as prefeituras não as enxergam”. Além disso, o setor é marcado por um recorte de gênero excludente: a presença feminina nas entregas é quase inexistente.


Mesmo diante dessas dificuldades, o potencial das bicicletas na cidade é inegável. Elas reduzem o tráfego, não emitem poluentes, ocupam menos espaço e promovem um ambiente urbano mais saudável. Com o apoio de políticas públicas — como infraestrutura cicloviária adequada, incentivos a cooperativas e regulamentação justa para os trabalhadores, esse modelo pode ser ampliado com impactos positivos para toda a cidade.


Em Copacabana, os números falam por si: a bicicleta é muito mais do que um veículo, é um motor de transformação urbana.

 
 
 

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