Jogos Pan-Americanos de Santiago (CHI) por Raiza Goulão
"Representar o Time Brasil, pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e automaticamente a Seleção Brasileira de Ciclismo, pela CBC, é sempre muito gratificante para mim. É um momento até de glamour, porque a atenção de mídia e público fica voltada 100% para nós atletas. O foco passa a ser ainda mais em obter um bom resultado.
Do momento em que chegamos no Aeroporto, em Santiago, o COB nos deu um tratamento especial. É uma viagem em que nós atletas não temos que nos preocupar com, literalmente, nada. Foco único em competir bem e performar em alto nível.
A pista dos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023, no mountain bike XCO, foi 100% artificial, construída dentro da Universidade Católica especialmente para a competição. Com características totais do que estamos acostumados quando viajamos ao Chile. Terreno muito mais escorregadio, subidas curtas e cheio de obstáculos como rock garden, com muitas pedras no caminho. Ao mesmo tempo, pump track e muita fluidez, ou seja, uma pista bastante completa. Exigia muito do físico.
Para mim, foi uma semana desafiadora demais, porque venho de uma sequência bem grande de provas, praticamente todos os finais de semana dos últimos três meses. Isso tudo exige muito do nosso corpo, chegando algumas horas a ter dúvidas se vamos conseguir manter a imunidade boa.
Na quarta-feira, dia 18, fiz o primeiro treino na pista e a variação do tempo estava muito grande aqui no Chile. Em determinados momentos, fazia bastante frio. Em outros, o tempo aquece. Entra em local com ar condicionado, sai do ar condicionado. E, neste mesmo dia, senti o início de um resfriado. Não consegui treinar como gostaria e tive que focar na recuperação.
Essas condições climáticas mexeram com a minha mente nos dias que precederam a prova do MTB, marcada para o período da manhã do sábado (21/10). Tive todo suporte do Time Brasil, consegui acordar bem no sábado e entrar na pista entregando o melhor.
A meta era buscar a medalha de ouro. Larguei com minha estratégia muito bem definida, mas no final da primeira volta tive uma queda quando estava em segundo lugar. Meu pé esquerdo soltou do pedal e perdi a frente da bike. Torci o joelho direito de uma forma que eu nunca tinha sentido antes. Sensação era de que havia arrebentado tudo lá dentro, mas felizmente não foi o que aconteceu.
Com o sangue/corpo quente, consegui voltar para cima da bike e fazer uma prova de recuperação. Pude entregar tudo o que tinha para o dia, saindo da sétima colocação para a o terceiro lugar, levando assim a medalha de bronze, que era o que passava na minha mente nas voltas 2 e 3. Nas voltas finais, busquei apenas defender o terceiro lugar.
Fico muito orgulhosa de poder participar do quadro de medalhas do Time Brasil e ter somado esse meu bronze para nosso País. Mais motivada ainda, para poder dar continuidade ao trabalho que venho fazendo, com o foco total de estar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024." Por Raiza Goulão.
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