Velo-city 2018 Rio: Mozambikes, único representante africano, usa a bicicleta para inclusão social e
A fabricante moçambicana Mozambikes é a única representante do Continente Africano no Velo-city 2018 Rio, que está acontecendo no Pier Mauá, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, até esta sexta-feira. Aproveitamos a oportunidade para bater um papo com Rui Mesquita, Co-Fundador da Mozambikes.
A empresa tem como objetivo a capacitação de pessoas, em busca de maiores benefícios sociais, proporcionando assim o crescimento nas comunidades. As bicicletas são uma forma de transporte altamente eficiente, que tem um forte impacto na economia e no ambiente de Moçambique. As bicicletas não são apenas um meio de transporte, elas facilitam a vida de milhões de moçambicanos nas zonas rurais. Proporcionam também uma maior independência das pessoas e reduzem a vulnerabilidade ao aumento dos combustíveis.
A Mozambike foi desenhada exclusivamente para encarar as duras condições em que vivem milhões de Moçambicanos nas zonas rurais. O modelo atual é fruto de várias alterações, ao longo destes cinco anos, para poder satisfazer a 100% essas comunidades. Conheça mais abaixo a estrela do projeto e as suas características únicas.
Capacitação
Todas as bicicletas produzidas contam com a contribuição de pelo menos três técnicos e um pintor, trabalhadores cujas vidas também mudaram positivamente. A empresa permite a eles operarem mudanças positivas nas suas próprias vidas bem como ajudar no desenvolvimento de Moçambique.
A maioria dos técnicos tem experiência no campo das bicicletas e um forte conhecimento técnico, embora muitas vezes falte alguma formação específica, que é fornecida por outros técnicos qualificados, dentro da Mozambikes. Os colaboradores são bastante leais e formam um grupo bastante forte. É uma equipe bastante polivalente para que todos os trabalhadores possam realizar qualquer tarefa nos três fluxos de trabalho. A Mozambikes faculta condições acima da média do mercado de trabalho para que os trabalhadores se sintam confortáveis e para que haja um ambiente de trabalho saudável. Atualmente, a empresa tem 18 funcionários em tempo integral e a meta é crescer para 30.
Regularmente há o investimento na formação de técnicos de bicicletas comunitários, privilegiando em grande parte as mulheres, a fim de lhes transmitir conhecimentos técnicos para que possam iniciar os seus próprios negócios, nas suas próprias comunidades.
Desenvolvimento
A Mozambikes reconhece a importância da criação de uma indústria de bicicletas em Moçambique, para ajudar a criar mais postos de trabalho e permitir que as pessoas possam sair da pobreza.
Num país onde 70% da população ativa trabalha no setor da agricultura, formar pessoas, acrescentando-lhes valor e permitir-lhes iniciarem um novo negócio na manutenção de bicicletas, é uma mudança significativa na qualidade das suas vidas.
Se as bikes proporcionarem, àqueles que vivem abaixo da linha da extrema pobreza, um aumento de 3X dos seus rendimentos diários, isso poderá ajudar a aumentar o RNB (Rendimento nacional bruto) global na ordem dos 10%. E isso vai conduzir ao crescimento e a um ambiente económico mais saudável contribuindo para o bem-estar geral de todos.
A preocupação com o desenvolvimento, inclui também iniciativas que permitam o crescimento de um ecossistema para o uso da bicicleta na sua vertente mais desportiva, como também a defesa da necessidade de ciclovias nas zonas urbanas, onde as estradas são bem mais movimentadas do que nas zonas rurais. Além das constantes campanhas de segurança rodoviária e apoio às comunidades locais de ciclismo.
Conheça as especificações da bike, clicando aqui.
Impacto social
A fabricante ajuda pessoas que vivem abaixo da linha da extrema pobreza a terem acesso a uma bicicleta através de doações, bicicletas personalizadas ou microcréditos.
Em todo o país, as pessoas vivem em média a 30 km do centro de saúde mais próximo, caminham horas para chegar às escolas ou para terem acesso a água potável. Quase 80% das pessoas em Moçambique trabalham no setor informal, sejam eles agricultores ou pessoas que subsistem da compra e venda de bens nas suas comunidades. Para essas pessoas e suas comunidades, o seu rendimento diário e produtividade é determinada pelo quanto elas podem transportar, o quão longe e quão rápido. Bicicletas podem causar um impacto real em suas vidas pois facilitam o acesso a bens, serviços, centros de saúde, água potável, educação ou mesmo a um emprego, ajudando-os a sair da pobreza.
Em áreas urbanas onde milhões de pessoas recebem o salário mínimo (ganham entre US $ 2-5USD por dia), as bicicletas permitem uma poupança de cerca de 20% desse rendimento diário quando comparado com outros meios de transportes como os transportes coletivos informais.